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sábado, 15 de janeiro de 2011

Prevenir ou Remediar?

Há alguns meses, escrevi um post sobre a prevenção no combate às drogas, e indaguei se não seria necessária uma Política de Manutenção de Fronteiras, que seria para controlar o extenso território que divide o Brasil e seus vizinhos, de onde se originam as rotas de entrada de drogas e armas ilegais no país. Disse também, que enquanto não olhássemos para nossas fronteiras com seriedade, estaríamos remediando o problema da criminalidade e do tráfico de drogas e armas.

Pois bem, hoje volto com esse mesmo título, Prevenir ou Remediar, para indagar sobre as manchetes que anualmente ocupam os jornais, se referindo à enchentes, deslizamentos, e mortes ocasionados pelo excesso de chuvas.

E a pergunta a se fazer, porque esses fenômenos anuais de chuvas intensas, próprios de um país tropical, ocasionam mortes e catástrofes anuais, ora no Rio de Janeiro, ora em São Paulo, outrora no Sul ou no Nordeste, tragédias anunciadas ano a ano. E na hora emergencial, sob os holofotes da opinião pública, o Governo promete solução via medida provisória, nome muito apropriado, pois quando chega o Carnaval, esquecemos o problema, abandonamos a causa, não fiscalizamos ou cobramos atitudes, e vivemos, até que o próximo verão chegue, e novas inundações lavem os morros, transbordem sobre as ruas, e nos lembremos que não vivemos sozinhos, e que é preciso saber conviver ao ritmo que a natureza nos impõe.

Remediamos, a cada nova tragédia, a cada novo Verão; as cenas se remetem, mudando apenas de endereço. Não é depois do estrago que se deve achar culpados; culpados somos nós que nos silenciamos sempre, culpados são os Governos que não planejam e não dão a devida atenção aos relatórios feitos por geógrafos e engenheiros alertando sobre os riscos e as soluções à serem tomadas, culpadas são as pessoas que mesmo levadas por circunstâncias tentam ocupar as áreas irregulares, que não são assim por vontade dos Governos, mas por vontade da natureza. Culpada é a mídia também, que divulga e propaga a tragédia depois de ocorrida, e não expõe, e não denuncia a tragédia anunciada quando casas são construídas no alto dos morros e na beira dos rios, tentando se impor sobre os espaços que são por direito da natureza para que esta possa se desenvolver.

Há um ano atrás, São Luiz do Paraitinga foi devastada pelas chuvas, e em Angra dos Reis, assistimos uma triste história logo no início do ano.  Hoje, caos exposto nas grandes marginais de São Paulo, transformando-as em grandes piscinões, e tragédia na região serrana no Rio de Janeiro que levou a um número incalculável de perdas. E agora nos questionamos o que poderíamos ter feito para evitar.

Talvez seja tarde, assistimos pela TV a dor e o caos, o despreparo das pessoas e das autoridades, as mãos atadas dos policiais e bombeiros, e contra essa catástrofe produzida pela natureza e ocasionada pela ação humana, questiono, até quando vamos remediar? Até quando vamos assistir essa tristes cenas na TV ano a ano?

Já está na hora de que Governos e a sociedade sentem e planejem. Não basta a liberação de recursos por parte do Governo Federal, é preciso uma Política Nacional de reestruturação da Defesa Civil. É preciso fazer o mapeamento e o monitoramento de áreas de risco, e a população deve fazer parte deste projeto, sendo preparada para a evacuação imediata e para a ação efetiva quando em eventuais acidentes. É preciso além do mapeamento, a retirada das pessoas dessas áreas de risco, com recursos federais, estaduais e municipais, à fim de construir casas para essas pessoas em áreas seguras, e reestabelecer vegetação nas áreas desocupadas, evitando deslizamentos nos morros e enchentes dos rios.

São muitas as ações necessárias para que possamos fazer a prevenção. O planejamento urbano é fundamental para evitar a ocupação de áreas de risco e o monitoramento destas poupará vidas. Segundo estudos, para cada $1 dólar investido em Prevenção, economiza-se $7 dólares em recursos gastos com emergências.

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